sábado, 30 de outubro de 2010

FINITUDE

FINITUDE
Viver ou desviver eis a questão.

Quantos anos você tem?
Lembra aquele dia quando tinha 15 anos que...
Aquela festinha em que tinha 5 anos quando...
É... o tempo voa. Quantas vezes dizemos isso? É bem comum.
E perceptivamente pode ser mesmo que o tempo ‘voe.’

Quantos anos você acha que vai viver?

Tomo este assunto para explorar, depois de um comentário de um professor que nomeou por teorias, a situação a qual eu já vinha questionando e tentando refletir, a finitude.
Característica de todo ser vivo, que por estar vivo convive com a finitude (morte).
Os seres vivos têm o tempo limite para esse viver, e até hoje não se tem notícias de um ser vivo infinito, portanto, todos têm dentro de sua espécie seu tempo ou ciclo determinado de vida, em alguns casos estendido pela fisiologia privilegiada ou encurtado por motivos variados.

Uma pessoa que viverá 80 anos terá 960 meses, você com 28 anos já viveu 336 desses.
Quanto tempo ainda terá dentro da sua finitude?
Parece bastante ou que foram poucos anos?
Tão jovem ou não?

Quando nos damos conta de nossa finitude, tudo o que buscamos tende a ser mais representativo e autêntico.
O homem percebe a necessidade de melhor pensar sobre suas escolhas, sendo que elas englobam (consomem) mais ou menos, darão mais ou menos, significância para sua existência.
Mas outros podem olhar pra essa verdade e pensar ao contrário, refletirem de certa forma, sendo que se o tempo é limitado, o melhor é aproveitar os momentos sem pensar, mesmo que nada dê significação contribua à sua vida.
Viver sem significação? 'Desviver'?

Sendo que as escolhas tendem a fortalecer um lado mais que o outro, refiro-me a pulsão de vida e pulsão de morte*, ou seja, escolherá por atitudes que contribuam e/ou fortaleçam essas pulsões. (para melhor entendimento ler em obras psicanalíticas)

Como seria pra você o viver bem e aproveitar a vida?
Sabendo de suas escolhas como você dá significância para sua existência?

Quando o homem nega essa verdade, tende a sentir-se imune a riscos, tende a fantasiar a sua infinitude e assim não dar atenção ao que faz com seus momentos, vida.
Pode-se ver isso em fatos cotidianos cada vez mais comuns em noticiários, como imprudências com a vida, drogas e substâncias, violência, desrespeito com a própria e a vida do outro, desapego emocional, entre tantos outros fatos, não há a busca por rumos, sejam profissionais ou mais ainda pessoais.
É o famoso deixo a vida me levar.
E levará mesmo...o tempo levará a vida.

Todas as escolhas que tendem a não ter profundidade, significação ou envolvimento maior, consomem de forma aleatória o tempo de vida.
Sejam escolhas essas momentâneas ou muitas vezes que visam a duração de anos, e se feitas sem profundidade e entrega, causam vazios maiores do que já antes existentes.

Hoje em dia visivelmente são extensos os exemplos, como o citado (ver fim do texto*EX), que é a desqualificação de envolvimento e vivência, o que ocorre perceptivamente da mesma forma em casos de relatos após sexo casual e relacionamento casual, e também, má escolha profissional, atitudes pessoais sem desempenho ou sem visão futura.

A pessoa busca resolver a sua falta* psíquica que o acompanha por toda vida, por isso, quer, consume, busca, sejam objetos, bens, pessoas e parceiros, tentando completar-se e preencher esse vazio.
Quando o indivíduo nas suas escolhas não dá significação, e quanto mais assim o fizer, mais ainda essa falta psíquica terá a percepção inconsciente aumentada. Gerando, após o momento vivido de forma não significativa, ‘vazios’ maiores, o que pode causar problemas psíquicos.

Sobre a finitude,
A primeira vista, pode parecer um tanto funesto pensar sobre isso.
Mas reflito e assim questiono se não será o contrário. Pensar sobre a finitude é dar maior valorização e importância à vida.
Viva de forma significativa, não se preencha ainda mais de vazios, sua existência pode ou não ser profunda e realmente viva...
Se assim a escolher...

Há somente a possibilidade de algumas alternativas.
Uma escolha anula a outra.
Mesmo se houver tentativa de refazer a escolha anterior, nunca será a mesma, pois ocorrerá em outro momento e assim será uma outra e nova escolha.
Se vive-se na perspectiva infinita nada é autêntico.
Quando se dá conta da finitude, há pressa.

* Ex:
Como comentado em aula, abriu-se discussão: Micareta (como um exemplo que se estende a todas experiências de tipo parecidas).
Por comentários e declarações de pessoas(com exceções), o comum nesse e vários outros tipos de eventos é o maior número de pessoas beijadas. Nesse exemplo, quantificação de pessoas beijadas, se forem 45 (número relatado numa declaração) foram 45 momentos vazios dentro o olhar da finitude, pois não há significação nessa atitude.
Um exemplo realmente pequeno e até engraçado, mas pode dar uma tênue discussão e reflexão sobre o assunto aqui exposto, ou seja a consciência ou não.

Tatiana Viana de Oliveira

*Mais sobre experiência da finitude ver Heidegger
*Breve textos sobre pulsões, ver mais em obras psicanalíticas completas.
Eros e Tânatus (Vida e Morte)
Os conceitos de pulsão de vida e pulsão de morte concebidos por Freud foram importantes para a construção da teoria psicanalítica, pois proporcionou um novo entendimento sobre os registros do inconsciente, ampliando os estudos e concepções sobre o psiquismo humano.
http://estudandopsicologia.wordpress.com/2009/07/06/pulsao-de-vida-e-pulsao-de-morte/
http://www.scielo.br/pdf/agora/v5n1/v5n1a07.pdf