terça-feira, 7 de dezembro de 2010

"Emoção X Sentimento"



Reflexão sobre a diferença do sentir.

Qual é a diferença? Se existe.

Sensações. Ebulições. Frustações. (Con)Vivência. Construção.

Em definição de emoção e sentimento.

Sendo que amor está no campo do sentimento, e sentimento se difere de emoção. Paixão, excitação, vontade, furor, desejo, inquietude e outras, sendo sensações emotivas.

Emoção é estado excitatório de todo o corpo, estado de ‘furor’ psíquico e corporal. Envolve comportamento, fala e estado físico alterado. A emoção é estado emocional passageiro. Como se tivesse uma ‘função’, ser intensa, satisfazer, dar vazão e passar.

Sentimento é estado afetivo brando, de experiência mais complexa e com elementos mais intelectuais. Envolve mais o psiquismo do que o corpóreo.

A emoção estagia dentro do sentimento, ou seja, se faz presente em momentos, físicos e psíquicos excitatórios, dentro da complexidade do sentimento.

Dado essas elucidações; emoções são intensas e imediatas, sentimentos são brandos e duradouros.

O furor das sensações emotivas serve a necessidade, e sua quietude corporal e psíquica novamente se estabelece após o satisfazer, extingue-se da mesma forma que se iniciou.

O sentimento tranqüilo e complexo em sua experiência, portanto, tem seu desenvolvimento, não nasce por furor, não serve a supressão da necessidade.

Ao tender a relacionamentos com esse conflito, achando que a sensação do furor, de inquietude e excitação causados pela emoção é o que faz um relacionamento ser bom e duradouro, é colocar esse relacionamento fadado ao fim.

A simbiose* e excitação, que possui grande carga narcisista, pode inicialmente fazer com que um relacionamento se inicie, mas por ter carga narcisista, assim que surguem as primeiras diferenças entre o casal, essa simbiose se quebra e dá lugar para insatisfações, cobranças, a paixão passa a ter um perfil de disputa, por ter esse caráter, se dá num tempo limitado.
*Simbiose: Entre pessoas ( de fato diferentes). Simbiose quando há um desejo inconsciente de fusão total entre duas ou mais pessoas, impedindo assim a manifestação da identidade de cada uma.

O que pode ocorrer é a emoção, se bem elaborada, e pela convivência, intelectualização, e pernissão à complexidade, ser transformada em sentimento.

Mas o que mais ocorre é a frustração pós-estado excitatório, em casos de relacionamentos. A expectativa daquela paixão fugaz, que pode estar satisfazendo desejos, que 'parece'completar algo, durar pra sempre, é a causa de frustrações. Um comportamento interrompido.A frustração acontece, pois a falta psíquica já pré-existente (em todos) não é preenchida por esse estado passageiro. Pelo contrário a falta psíquica aumenta.

“Amar é dar o que não se tem a alguém que não o quer”. (Lacan)

Esta frase de Lacan, toca nesse ponto. O amor é algo que nos falta, que não se tem e mesmo assim é algo que se dá. Damos a falta, o que nos falta, e recebemos o ‘dar faltante’, recebemos a falta do outro. Por isso o amor, sentimento, é algo complexo.

Não entramos em relações conscientes dessa falta. Por isso a pergunta, ‘o que você quer dele(a)?’

Essa complexidade não é alcançada em dias, não se preenche ou chega somente de momentos excitantes, se assim, a frustração será fato presente corriqueiramente.

A emoção (paixão) exige satisfação, pede imediatismo, se faz intensa, se molda na necessidade egoísta e se extingue. Quer, mas pouco dá.

O sentimento (amor) não exige, não se preenche de imediatismo, é intenso conforme sua branda construção, duradoura e calma fluidez.

Emoções passam. Sentimentos constroem.

A paixão é como furacão surge forte, com rapidez, e tende a desaparecer ao nada, mas pode causar devastações.

O amor é mar brando, contínuo, leva e traz, tende a imensidão, e se dá na contemplação.

Tatiana Viana de Oliveira



"Raros Momentos"

Desde pequena sinto...
Lembro de fatos e pessoas.
Pessoas muitas vezes mais do que de fatos. Percebia...
Percebi que pessoas são raras.
Era uma viagem de férias.

Ainda hoje vêem a mim essa mesma sensação. O sentir...Ao fim da viagem, indo embora do lugar, comecei a chorar, sem muito entender naquele momento o real porquê. Pensava que aquela sensação e o choro seriam porque sentiria falta daquelas pessoas. Pessoas que conheci ali mesmo, bons dias...
Outras vezes, mais velha me percebi com essa mesma atitude.Comecei a entender o porque.
Reconheci e encontrei, fui reconhecida e encontrada.
Aquelas pessoas que conheci talvez nunca mais as veria, mas elas estariam ali...
Mesmo não estando, estariam...

As pessoas continuam comigo, na minha existência.
A falta presentifica a ausência. A presença que falta.
As pessoas que conheci, com as quais aprendi, com outras muito sorri, por causa de umas me magoei, de quem gostei, amei...
Viveriam pra sempre na minha mente.
Aprendi que sou também por elas, vivem em mim, em minha história.
“O homem se reconhece, se percebe no outro, na vivência com o outro”.
Compreendi o porque dessa sensação. E essa sensação tem algum sabor de saudade, misturado com um pouco de dor e bastante afetividade, e a lembrança muitas vezes com tanto de carinho.
Esse entendimento é sublime.

O raro e único momento.
“Observar o homem de fora é a crítica e a saúde do espírito. Porém não para sugerir, como Voltaire, que tudo é absurdo. Mas para sugerir, como Kafka, que a vida humana está sempre ameaçada e para preparar, pelo humor, os momentos raros e preciosos em que acontece aos homens se reconhecerem e se encontrarem”. (Maurice Merleau-Ponty , 1948 – “Conversas”)
Pessoas são realmente raras. Pessoas e seus momentos são únicos.
Realmente único, nunca voltará, mesmo que a tentativa de reprisá-lo se dê, estará em outro novo momento e em outra vivência. E será invivenciável por outra pessoa.
O porque da sensação que sinto...

Valorização, da unicidade da vida e das pessoas que nela estiveram e estarão.

Tatiana Viana de Oliveira

sábado, 30 de outubro de 2010

FINITUDE

FINITUDE
Viver ou desviver eis a questão.

Quantos anos você tem?
Lembra aquele dia quando tinha 15 anos que...
Aquela festinha em que tinha 5 anos quando...
É... o tempo voa. Quantas vezes dizemos isso? É bem comum.
E perceptivamente pode ser mesmo que o tempo ‘voe.’

Quantos anos você acha que vai viver?

Tomo este assunto para explorar, depois de um comentário de um professor que nomeou por teorias, a situação a qual eu já vinha questionando e tentando refletir, a finitude.
Característica de todo ser vivo, que por estar vivo convive com a finitude (morte).
Os seres vivos têm o tempo limite para esse viver, e até hoje não se tem notícias de um ser vivo infinito, portanto, todos têm dentro de sua espécie seu tempo ou ciclo determinado de vida, em alguns casos estendido pela fisiologia privilegiada ou encurtado por motivos variados.

Uma pessoa que viverá 80 anos terá 960 meses, você com 28 anos já viveu 336 desses.
Quanto tempo ainda terá dentro da sua finitude?
Parece bastante ou que foram poucos anos?
Tão jovem ou não?

Quando nos damos conta de nossa finitude, tudo o que buscamos tende a ser mais representativo e autêntico.
O homem percebe a necessidade de melhor pensar sobre suas escolhas, sendo que elas englobam (consomem) mais ou menos, darão mais ou menos, significância para sua existência.
Mas outros podem olhar pra essa verdade e pensar ao contrário, refletirem de certa forma, sendo que se o tempo é limitado, o melhor é aproveitar os momentos sem pensar, mesmo que nada dê significação contribua à sua vida.
Viver sem significação? 'Desviver'?

Sendo que as escolhas tendem a fortalecer um lado mais que o outro, refiro-me a pulsão de vida e pulsão de morte*, ou seja, escolherá por atitudes que contribuam e/ou fortaleçam essas pulsões. (para melhor entendimento ler em obras psicanalíticas)

Como seria pra você o viver bem e aproveitar a vida?
Sabendo de suas escolhas como você dá significância para sua existência?

Quando o homem nega essa verdade, tende a sentir-se imune a riscos, tende a fantasiar a sua infinitude e assim não dar atenção ao que faz com seus momentos, vida.
Pode-se ver isso em fatos cotidianos cada vez mais comuns em noticiários, como imprudências com a vida, drogas e substâncias, violência, desrespeito com a própria e a vida do outro, desapego emocional, entre tantos outros fatos, não há a busca por rumos, sejam profissionais ou mais ainda pessoais.
É o famoso deixo a vida me levar.
E levará mesmo...o tempo levará a vida.

Todas as escolhas que tendem a não ter profundidade, significação ou envolvimento maior, consomem de forma aleatória o tempo de vida.
Sejam escolhas essas momentâneas ou muitas vezes que visam a duração de anos, e se feitas sem profundidade e entrega, causam vazios maiores do que já antes existentes.

Hoje em dia visivelmente são extensos os exemplos, como o citado (ver fim do texto*EX), que é a desqualificação de envolvimento e vivência, o que ocorre perceptivamente da mesma forma em casos de relatos após sexo casual e relacionamento casual, e também, má escolha profissional, atitudes pessoais sem desempenho ou sem visão futura.

A pessoa busca resolver a sua falta* psíquica que o acompanha por toda vida, por isso, quer, consume, busca, sejam objetos, bens, pessoas e parceiros, tentando completar-se e preencher esse vazio.
Quando o indivíduo nas suas escolhas não dá significação, e quanto mais assim o fizer, mais ainda essa falta psíquica terá a percepção inconsciente aumentada. Gerando, após o momento vivido de forma não significativa, ‘vazios’ maiores, o que pode causar problemas psíquicos.

Sobre a finitude,
A primeira vista, pode parecer um tanto funesto pensar sobre isso.
Mas reflito e assim questiono se não será o contrário. Pensar sobre a finitude é dar maior valorização e importância à vida.
Viva de forma significativa, não se preencha ainda mais de vazios, sua existência pode ou não ser profunda e realmente viva...
Se assim a escolher...

Há somente a possibilidade de algumas alternativas.
Uma escolha anula a outra.
Mesmo se houver tentativa de refazer a escolha anterior, nunca será a mesma, pois ocorrerá em outro momento e assim será uma outra e nova escolha.
Se vive-se na perspectiva infinita nada é autêntico.
Quando se dá conta da finitude, há pressa.

* Ex:
Como comentado em aula, abriu-se discussão: Micareta (como um exemplo que se estende a todas experiências de tipo parecidas).
Por comentários e declarações de pessoas(com exceções), o comum nesse e vários outros tipos de eventos é o maior número de pessoas beijadas. Nesse exemplo, quantificação de pessoas beijadas, se forem 45 (número relatado numa declaração) foram 45 momentos vazios dentro o olhar da finitude, pois não há significação nessa atitude.
Um exemplo realmente pequeno e até engraçado, mas pode dar uma tênue discussão e reflexão sobre o assunto aqui exposto, ou seja a consciência ou não.

Tatiana Viana de Oliveira

*Mais sobre experiência da finitude ver Heidegger
*Breve textos sobre pulsões, ver mais em obras psicanalíticas completas.
Eros e Tânatus (Vida e Morte)
Os conceitos de pulsão de vida e pulsão de morte concebidos por Freud foram importantes para a construção da teoria psicanalítica, pois proporcionou um novo entendimento sobre os registros do inconsciente, ampliando os estudos e concepções sobre o psiquismo humano.
http://estudandopsicologia.wordpress.com/2009/07/06/pulsao-de-vida-e-pulsao-de-morte/
http://www.scielo.br/pdf/agora/v5n1/v5n1a07.pdf

quarta-feira, 21 de julho de 2010

"Reverência ao destino"

http://www.youtube.com/watch?v=Y72XaZfs8Uc

(vídeo completo do texto com som e texto)

Fácil.
Difícil.

Fácil é ditar regras. Difícil é segui-las.
Falar é completamente fácil...
Difícil é sorrir com vontade de chorar,
ou chorar de rir de alegria.
Fácil é ver o que queremos enxergar.
Ser colega...
Fácil é sonhar todas as noites.
Difícil é sentir a energia transmitida.
Ouvir a consciência...
Fácil é ouvir a música que toca.
Difícil é entregar a alma.

Recortes de trechos do texto
"Reverência ao destino"


quinta-feira, 29 de abril de 2010

HUMANOS

HUMANO X D - EX - VALORES

O quanto tem de ‘humano’ há nas situações que vemos ao nosso redor?

O material humano parece estar menos valioso.

Parece estar dissolvido nas relações.

O homem está se dando um caráter descartável.

Sociedade do descartável.

Onde o lucro, o ter, o poder, o satisfazer-se momentaneamente nas relações, tem mais valor do que crescer como humano, relacionar-se em profundidade ou estar em conjunto evoluindo no social.

As relações demonstram isso, o quanto se faz da outra pessoa, um material de posse, ou em muitos casos como outro elemento qualquer a sua volta, e o objetivo é a satisfação própria imediata.

O homem de hoje parece esquecer, que só é homem, e só consegue existir se for em cooperação com o outro e também com o coletivo.

Preocupar-se com o semelhante, é um olhar maior sobre si mesmo. Já que é semelhante, sente, pensa e se ressente da mesma forma.

Sabemos em tudo por nós mesmos, o quanto dói na outra pessoa, mas a importância que se dá a isso hoje em dia, é totalmente desvalorizada.

O homem no entanto, se destrói pelas suas atitudes impensadas, sem se conscientizar, de que quando faz do outro ‘descartável’ está se colocando dessa mesma forma.

Um ciclo pessoal e social.

Todo um contexto social é envolvido nisso sim, mas esse contexto é feito pelo próprio homem. Os ‘desvalores’ humanos estão em todos os níveis sociais. O que é visto são as conseqüências espalhadas, por dentro e por fora.

Já que o que está fora, é reflexo do que está dentro.

Se as relações externas estão desvalorizadas, internamente o desvalor é grande também.

Por onde anda o respeito?

Por onde estará a consideração?

Onde foram colocados os bens mais nobres?

Aonde vive(sobrevive) o humano?

Tatiana Viana de Oliveira