Desde pequena sinto...
Lembro de fatos e pessoas.
Pessoas muitas vezes mais do que de fatos. Percebia...
Percebi que pessoas são raras.
Era uma viagem de férias.
Ainda hoje vêem a mim essa mesma sensação. O sentir...Ao fim da viagem, indo embora do lugar, comecei a chorar, sem muito entender naquele momento o real porquê. Pensava que aquela sensação e o choro seriam porque sentiria falta daquelas pessoas. Pessoas que conheci ali mesmo, bons dias...
Outras vezes, mais velha me percebi com essa mesma atitude.Comecei a entender o porque.
Reconheci e encontrei, fui reconhecida e encontrada.
Aquelas pessoas que conheci talvez nunca mais as veria, mas elas estariam ali...
Mesmo não estando, estariam...
As pessoas continuam comigo, na minha existência.
A falta presentifica a ausência. A presença que falta.
As pessoas que conheci, com as quais aprendi, com outras muito sorri, por causa de umas me magoei, de quem gostei, amei...
Viveriam pra sempre na minha mente.
Aprendi que sou também por elas, vivem em mim, em minha história.
“O homem se reconhece, se percebe no outro, na vivência com o outro”.
Compreendi o porque dessa sensação. E essa sensação tem algum sabor de saudade, misturado com um pouco de dor e bastante afetividade, e a lembrança muitas vezes com tanto de carinho.
Esse entendimento é sublime.
O raro e único momento.
“Observar o homem de fora é a crítica e a saúde do espírito. Porém não para sugerir, como Voltaire, que tudo é absurdo. Mas para sugerir, como Kafka, que a vida humana está sempre ameaçada e para preparar, pelo humor, os momentos raros e preciosos em que acontece aos homens se reconhecerem e se encontrarem”. (Maurice Merleau-Ponty , 1948 – “Conversas”)
Pessoas são realmente raras. Pessoas e seus momentos são únicos.
Realmente único, nunca voltará, mesmo que a tentativa de reprisá-lo se dê, estará em outro novo momento e em outra vivência. E será invivenciável por outra pessoa.
O porque da sensação que sinto...
Valorização, da unicidade da vida e das pessoas que nela estiveram e estarão.
Tatiana Viana de Oliveira
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